Um diálogo com uma mãe sobre comunicação não-violenta, birras e sobre o uso de ações violentas para fazer a criança “entender o não”… Entenda como a CNV é uma poderosa aliada na educação emocional de crianças e adultos.
– Viviane, comunicação não-violenta não é para mim.
– Por que você acha isso?
– Porque não acho que a criança precisa ser acolhida sempre que está tendo uma crise. O meu filho é bem manhoso. Estou tentando tirar isso dele.
– Você deve imaginar que crianças entram em crise porque não sabem ouvir um “não” e que é importante que elas possam se fortalecer para isso.
– De certa forma sim. Vi um vídeo que falava que quando a criança está tendo uma crise de raiva, por exemplo, é importante eu acolher o choro. Não costumo fazer isso.
– O que você faz?
– Eu mando ele se levantar e parar com aquele escândalo. Se ele não obedece, digo que vou embora e saio mesmo. Daí ele fica com medo de ficar sozinho e vem atrás de mim quase sempre.
– E por que você faz isso?
– Para que ele entenda que não pode fazer isso. Imagine só se a cada não que eu disser, ele se jogar no chão e começar a gritar! Preciso ensiná-lo que isso não é certo, não é adequado.
– Você entende, então, que ele se descontrola por que quer?
– Não. Ninguém se descontrola porque quer. Mas quero ensiná-lo a se controlar. Ele precisa saber ouvir um não. Entende?
– Entendo. Você quer poder dizer não e ele entender e não se frustrar.
– Sim. Quero que ele entenda o não e fique bem. Parece que ele não aceita mesmo receber um não e isso é terrível e muito desgastante.
– Entendo. E você, aceita bem quando recebe um não?
(Risos)
– Bem, depende do momento, do contexto. Quando recebo um não costumo insistir até ganhar um sim, se aquilo é importante para mim. Ou tento obter de outras formas. Mas não sou o tipo de pessoa que desiste.
– E quando mesmo não tendo desistido, você realmente não consegue? Como se sente?
– Frustrada. Às vezes com raiva. Decepcionada também.
– E como você se comporta quando está frustrada, com raiva e decepcionada?
– Eu fico mal humorada, brigo por qualquer besteira, fico mais irritável, com certeza. Mas passa logo porque me percebo assim e tento fazer algo para melhorar.
– E o seu filho tem quantos anos mesmo?
– Ele tem quase 3.
– Será que ele também é do tipo que não desiste fácil do que quer?
– Agora você me pegou! (Risos)
– E quando ele realmente não obtém aquilo, precisa lidar com a frustração, com a raiva e com a decepção de forma intensa até encontrar algo que faça ele se sentir melhor?
– Faz sentido. Acho que sim.
– E se para se sentir melhor ele precise apenas ser acolhido? Precise de colo, de carinho, de um adulto dizendo que entende que aquilo é importante para ele, mesmo que não possa tê-lo naquele momento?
– Acho que é disso mesmo que ele precisa.
– Então, comunicação não-violenta, é para você sim. É para todos.
Crianças não precisam ser ensinadas a não sentir. Elas precisam ser ensinadas a o que fazer com o que sentem, uma vez que sentimentos e emoções conflitantes fazem parte da experiência de ser humano.
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