Pense numa pessoa que…

  • Manipula você.
  • Testa os seus limites.
  • Só faz o que quer.
  • Chora sem motivo.
  • Não sabe receber um não.
  • Não quer fazer nada sozinha.

Deu raiva pensar numa pessoa assim? Como seria conviver com ela? Como você se sentiria nessa relação?

Certamente, para conviver com alguém assim posso apostar que você movimentaria muitos sentimentos conflitantes e muita violência, tanto aquela interna que vai nos explodindo por dentro quanto a externa, a que aparece na própria relação com essa pessoa.

Desejo fortemente que você não precise lidar com nenhum adulto com essas características. E se você já passou por isso, sinto muito. Desejo que se cure.

E desejo também com a mesma força que você entenda que essas características são de adultos. Elas não podem e não devem ser atribuídas à crianças.

Veja bem…

Crianças sendo crianças não manipulam você. O que muitas vezes é entendido como manipulação é apenas a criança entendendo que se ela fizer algo, recebe o que quer em troca.

Como ela quer receber e não tem muitos recursos de comunicação para pedir, ela usa o que aprendeu. Isso não é manipulação, é experimentação, aprendizado. E é também bem inteligente, vai? Não se pode negar.

Crianças sendo crianças não testam os limites dos adultos. Elas testam os seus próprios limites, uma vez que estão em desenvolvimento e experimentando o mundo e suas primeiras relações. É bem mais simples do que pode parecer quando acionamos toda a nossa bagagem de situações em que adultos nos testavam.

Mas, Viviane, não concordo com isso não. Você tem quer ver aqui em casa: ele testa a mim, só a mim. Testa não. Ele testa a relação que ele está tendo com você. É bem diferente.

Crianças sendo crianças não são seres que só querem fazer o que dá na telha. Elas são seres que têm urgência. Muita, muita urgência. Repare numa criança pedindo água e veja o quão urgente tudo é para ela. Seu cérebro funciona assim. Não tem a ver com ela escolher esperar ou não. E, sendo assim, fazer o que o adulto pede nem sempre é tarefa fácil. Seja paciente, então. Nem sempre a criança está pronta para fazer tudo o que esperam dela.

Criança sendo criança não chora sem motivo. Ela chora porque precisou chorar. E, sabe, se a gente soubesse fazer isso conseguiríamos nos auto regular nas nossas dores e frustrações de forma bem mais rápida e fácil, exatamente como elas fazem. Então, se me permite uma sugestão: entenda que crianças precisam chorar. E não tire isso dos seus filhos. Não pense que o choro deles tem a ver com você. Tem a ver com eles. Aliás, tudo tem a ver com eles.

Criança sendo criança tem urgência (já falei isso, né?). Então, receber um não pode ser complicado. Ainda mais quando só costumamos dizer “Isso não pode” e quase nunca dizemos o que pode. A criança, tão urgente, fica ali sem nada, de repente. Frustrante mesmo, não?

Criança sendo criança quer companhia, colo, atenção, amor. Autonomia sem companhia, colo, atenção e amor costuma mesmo ser rejeitada. Pode até soar como abandono. Ela pode fazer algumas coisas sozinha, mas vai ser dependente de você por muitos anos, de várias formas possíveis. Isso não é um estar num relacionamento tóxico, é cuidar de uma criança.

Enfim, o que quero dizer com tudo isso (para além do que eu já disse, claro) é que não faz sentido atribuir essas características à crianças e conviver com elas como se fossem adultos. Toda vez que fazemos isso apenas acionamos toda a defesa e violência que há em nós. Afinal de contas, quem é que em sã consciência viveria bem e em paz com um ser desse tipo?

Para ficarmos em paz e deixarmos as crianças serem crianças precisamos entender o que as atitudes delas despertam em nós. Sabe aquilo tudo que ficou porque, em algum ponto da vida, você lidou com alguém que te manipulou, por exemplo e você não quer mais passar por isso? Pois é. Tem que entrar em contato com isso. E entender que…

Quando a gente entende que a criança está só sendo criança, fica tudo mais fácil.

Crianças não precisam ser ensinadas a não sentir. Elas precisam ser ensinadas a o que fazer com o que sentem, uma vez que sentimentos e emoções conflitantes fazem parte da experiência de ser humano.

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